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  • Ricardo Lima

Profissão e Carreira: novos tempos, novas possibilidades


Desde cedo, a partir de experiências familiares, os conceitos de profissão e carreira sempre me chamaram atenção. Suspeitava que tinham significados distintos e, ao longo da minha formação profissional e alguns trabalhos na área da Psicologia, pude aprender um pouco mais sobre cada um deles. Em conversas sobre o assunto deparo-me com muita confusão, desconhecimento e equívocos. Alguns tratam ambos os termos como sinônimos, ou mesmo “nunca pararam para pensar nisso”. “Nisso”, no caso, refere-se ao trabalho que escolheram ter e no qual investem boa parte do seu tempo de vida, neurônios, energia, expectativas, etc. E o caracterizam pelo nome. Odontologia, Arquitetura, Economia, Gastronomia.

Poucas décadas atrás, o caminho trilhado por alguém que se formava em um curso de graduação e exercia o correspondente trabalho durante a vida seguia, via de regra, uma linha reta, sem muitos desvios. Médicos operariam ou clinicariam, engenheiros construiriam, advogados representariam alguém ou seguiriam uma carreira pública, enfermeiros auxiliariam os médicos, professores viveriam em escolas, filósofos nas ágoras, jornalistas nas TVs, nas editoras ou nas rádios... E ponto. Até que a aposentadoria os matasse.

Em virtude de diversos fenômenos históricos, profissão e carreira já podem (e devem) ser consideradas e caracterizadas pelas suas particularidades. Penso que a profissão é o que nos identifica como trabalhadores. São as nossas credenciais para o mundo de trabalho, matrizes construídas a partir de nossas formações específicas, técnicas, de graduação ou pós-graduação. Padeira, físico nuclear, D.J., diplomata, artesão, fisioterapeuta, atleta, tradutor, alfaiate, caminhoneira, artista circense, cirurgiã veterinária... Inclusive muitos profissionais possuem um registro que vale em todo o território nacional como documento de identidade (CRM, CRP, OAB...).

Já a carreira costuma ser definida como uma linha temporal e descritiva, um histórico de trabalho de alguém, tal como encontrado num curriculum vitae. Mais do que isso, significa também o conjunto de características de um contexto laboral, por exemplo, funções, responsabilidades, habilidades intelectuais, físicas e emocionais necessárias para atingir objetivos, o ambiente físico e social, a rotina e organização do processo produtivo. Assim, se você é formado numa profissão, pode vir a trabalhar em diversas carreiras, pois essas se transformam ao longo do tempo e das pessoas que ali estão. Mesmo que você trabalhe sempre num mesmo negócio ou corporação.

Essa relação, vista por outro ângulo, pode nos ajudar a compreender como numa mesma área da empresa podem se encontrar e trabalhar, por um mesmo objetivo, profissionais oriundos de diversas formações, idades e trajetórias vocacionais. Ilustrando, há algumas décadas a área de recursos humanos de organizações era composta quase que exclusivamente por profissionais de Administração de Empresas e Psicologia. Hoje, tal departamento em empresas de grande porte pode congregar também engenheiros, matemáticos, pedagogos, advogados, economistas e outros. Muitos desses trilharam um caminho da pós-formação em gestão de pessoas, ou cursos afins.

Essa ressignificação das carreiras, sem dúvida, exige de nós flexibilidade, adaptabilidade e criatividade, inerentes às situações de mudança. Se soubermos lidar com esse dinamismo e riqueza de possibilidades, poderemos vislumbrar carreiras satisfatórias e possíveis em outros lugares além dos quais sempre nos imaginamos. Basta recalcular a rota, assumir as responsabilidades sobre novas escolhas e seguir noutra direção.


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