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  • Sandra Lesbaupin

Por que fazer Orientação Profissional e de Carreira?


Às portas da faculdade, muitos jovens se deparam com uma questão inevitável: qual caminho devo seguir daqui em diante? A dúvida é legítima, e decidir não é nada fácil. Envolve investimento de recursos preciosos como tempo, expectativas próprias, familiares e sociais, dinheiro, esforço físico e mental, entre outros. E não há garantias de sucesso.

Situação semelhante é vivida por adultos insatisfeitos com suas carreiras. Depois de vinte ou trinta anos dedicando-se a determinada profissão, repentinamente sentem um dolorido vazio e se vêem frustrados e desamparados. Mudar? Para onde? Eu saberia fazer outra coisa? Mas ainda dá tempo? E minha situação financeira? As dúvidas nesse momento são ainda mais angustiantes do que no início da vida profissional.

O jovem traz seus sonhos e muitos mitos sobre as profissões e as carreiras. Não raro buscam saber quais serão as áreas mais promissoras nos próximos anos, receitas prontas de como entrar nas melhores faculdades, fórmulas mágicas de como se alcançar o sucesso e a felicidade profissional ou mesmo o famoso teste vocacional de resultados instantâneos. Já o adulto chega ao consultório eventualmente deprimido, relatando histórias profissionais insatisfatórias. Crendo muito pouco na possibilidade de mudar de carreira, mas desestimulado por sua situação atual.

Em ambas as situações, o que eles precisam, de fato, é conhecer seu perfil profissional. Os resultados de um processo de autoconhecimento têm se mostrado bastante positivos.

Estamos preparados para as escolhas?

Escolher é uma delícia. Quando nos deparamos com essa oportunidade, o ato de escolher nos possibilita dar sentido e forma às nossas vontades.

Atualmente, a escolha profissional nos apresenta muito mais alternativas e dinamismo quando comparada àquela de trinta ou quarenta anos. Neste período, a quantidade e a velocidade com que cursos, profissões e carreiras aparecem e desaparecem do mapa têm aumentado significativamente. À primeira vista, isto parece ser muito bom, pois enriquece, democratiza e diversifica as alternativas. Entretanto, torna o processo de escolha proporcionalmente mais difícil, exigindo uma gama maior de habilidades, consciência do mundo e de nós mesmos.

Para esmiuçar didaticamente o processo de escolha ou de reescolha, a fim de torná-lo mais proveitoso para a vida, costumo perfazê-lo utilizando três perspectivas: a consciência de si mesmo, as perdas decorrentes da escolha, e o risco de errar, inerente a qualquer tomada de decisão.

A Consciência de si mesmo

A primeira refere-se ao nível de consciência que temos sobre nossos desejos e necessidades. Isso mesmo. Mais do que informações sobre o mundo e as alternativas que ele lhe apresenta, você sabe o que de fato quer e necessita para a sua vida? Ou acha que sabe? Uma escolha genuína só se viabiliza a partir do autoconhecimento. Tenho observado pessoas escolhendo muitas coisas importantes na vida, de cônjuges a profissões e carreiras, com precário nível de consciência de si mesmas.

Seria isso, de fato, uma escolha? Não tenho a resposta para essa pergunta, mas acredito que, quando tomamos consciência de quem somos (nossas crenças, valores, expectativas, ambições, desejos), somos capazes de escolher aquilo que mais nos satisfaz e melhor nos representa. Com responsabilidade, identidade e uma boa dose de criatividade!

A Perda

A segunda perspectiva pela qual proponho nos debruçarmos faz menção ao ato de perder. Toda escolha envolve ao menos uma renúncia. Quando não, várias! Ao escolhermos uma alternativa, seja para o que for, abrimos mão de outras tantas. Simples assim? Nem tanto. Nesse processo não abdicamos apenas das alternativas que racional e minuciosamente foram escolhidas como “não escolhidas”, mas com elas vão-se fragmentos de desejos, expectativas, necessidades, ou seja, partes de nós mesmos!

Aqui reside uma das dificuldades mais cruciais para tomarmos decisões, porque renunciar deflagra em nós sentimentos como medo, confusão, sofrimento e impotência. Será que estamos preparados? Sabemos perder? Ou melhor, estamos dispostos a perder?

O Erro

A terceira via pela qual reflito sobre as escolhas e as tomadas de decisão traz à tona um elemento que gera aversão na maior parte das pessoas: o risco. De quê? De errar. Temos mais condições de realizar boas escolhas e decisões para a nossa vida quando sabemos lidar, em algum nível, com o arrependimento. O processo de escolha é um fenômeno íntimo e silencioso enquanto está protegido pelo processo de elaboração mental e emocional. Em algum momento torna-se decisão e precisa ser concretizado num ato, tornar-se público e notório. E se a escolha se mostrar equivocada ao longo do tempo? Você não pode se arrepender? Pegar um retorno ou atalho e voltar atrás?

A boa notícia é que já estamos num tempo em que o “até que a morte nos separe” não vale mais para quase tudo na vida, até mesmo para as escolhas vocacionais. Fenômenos como a globalização e o avanço tecnológico trouxeram mais liberdade e melhores recursos para que possamos realizar escolhas com mais consciência, autonomia e liberdade. Mas, para isso é necessário encarar a si mesmo, as renúncias necessárias, eventuais arrependimentos e, se for o caso, o fato de ter que reavaliar o processo optativo e decisório.

Assim...

Quando somos mais conscientes dos labirintos pelos quais circulam os impulsos e as razões de nossas escolhas, podemos nos autorizar a correr os riscos necessários, de forma menos oprimida e, portanto, mais segura, responsável e autêntica.

A Orientação Profissional e de carreira, em qualquer momento da vida, abre portas. Portas interiores.

Baseado em “Profissão, carreira e você: afinal, quem escolhe quem?”,

de Ricardo Lima (não publicado).


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