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  • Sandra Lesbaupin

A Escolha Profissional Como um Ato de Coragem


Qualquer escolha, seja ela profissional ou não, implica em um ato de coragem. Por ato de coragem não compreendo um ato impulsivo. Ao contrário, trata-se de um ato que leva em conta todos os indicadores possíveis, mas que aceita aquilo que se perderá com ele. Afinal, qualquer escolha implica em perdas, a perda daquilo que não foi escolhido.

A idéia de colocar todas as variáveis na balança para ver qual lado pesa mais não funciona (em nenhum caso de escolha) pois as variáveis tendem ao equilíbrio. Isto é, há vantagens e desvantagens em todas as opções.

Não existe indicador capaz de apontar de antemão qual é a melhor escolha pois, se existisse, não ocorreria escolha. Uma escolha na qual uma opção é ótima e outra é péssima não é uma escolha. Não existe escolha quando se compara uma Ferrari a um fusquinha...

Escolher significa ter que se posicionar (tomar partido) entre possibilidades que são igualmente atrativas e contém também desvantagens. Escolher implica em abrir mão de outras opções também boas e interessantes, para ficar apenas com uma delas. Por isso, qualquer escolha implica em conflito. Ou melhor, escolher significa resolver conflito.

Nestas condições, escolher implica em risco. Não existe escolha sem risco. A insegurança e a dúvida fazem parte de qualquer decisão pois todas as opções têm também vantagens.

Do mesmo modo, qualquer escolha implica em perda. É um mito dizer que só existe um caminho para cada pessoa. Ao contrário, existem vários, e por isso a perda faz parte da escolha. Escolher uma profissão implica a perda das profissões não escolhidas.

Enfim, escolher uma profissão pressupõe que a pessoa conheça a realidade que contextualiza a decisão, que se autoconheça e que esteja informada a respeito das possibilidades. Sobre tudo isso terá o “ato de coragem”, que é uma intervenção de ordem emocional que envolve bom-senso, intuição, vontade e desejo.

Em função destas colocações, portanto, é importante desmistificar a idéia de que o orientador profissional fará um diagnóstico e um prognóstico como fórmula de decisão. A estratégia da orientação profissional é dar condições para que a própria pessoa faça sua reflexão e possa decidir, entendendo de forma mais ampla o possível as determinações de sua escolha. O ato de coragem é algo que só pode ser feito pela pessoa que escolhe. Não há como transferir este movimento para outra pessoa.

Baseado em Bock, Silvio Duarte. “Orientação Profissional – A Abordagem Sócio-Histórica”. Ed. Cortez, São Paulo, 2002, páginas 83 a 94.


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