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  • Sandra Lesbaupin

Coaching é o futuro da Psicoterapia?


Venho pensando sobre isso há algum tempo. E, para a minha surpresa, recentemente escutei essa mesma expressão na boca de alguns colegas psicólogos. Por isso, resolvi escrever sobre o tema. Vamos pensar sobre isso? Compartilhe suas opiniões ao final do artigo, para que possamos trocar e aprofundar essa reflexão!

Antes de mais nada, vale dizer quem sou e porque me sinto apta de começar essa conversa. Sou psicóloga, formada há 15 anos, e apaixonada pela minha profissão. Costumo brincar com amigos e clientes que, se a psicologia não existisse no mundo, não faço a menor ideia do que eu faria da vida! Atuo como psicoterapeuta de jovens e adultos, além de ter exercido outras atividades profissionais (em orientação escolar, treinamento e gestão, etc). Sempre adorei a psicoterapia. A conexão com o cliente e a possibilidade vê-lo crescer, se desenvolver e avançar por meio da minha ajuda e do meu trabalho é muito gratificante. Acredito nessa forma de trabalho e a indico em todas as oportunidades que tenho.

Já com o Coaching minha conexão é mais recente, mas também intensa. Fui parar no curso de formação do IBC no ano passado, quase que por acaso. Até então, acreditava que Coaching era uma ferramenta de orientação de carreira. Então, descobri que não é uma ferramenta, mas um processo. E, fundamentalmente, que não está restrito ao lado profissional. mas se aplicada à vida e visa a felicidade do cliente. O Business Coaching (esse voltado às necessidades profissionais, de carreira, liderança, empreendedorismo) é realmente mais conhecido. Mas há o Life Coaching, cujo foco é justamente a melhoria do estado pessoal do cliente, e atua dos relacionamentos afetivos e familiares, na saúde física ou financeira, e em tantos outros nichos. Coaching é uma metodologia flexível, aplicável a infindáveis contextos.

Minha paixão pelo coaching foi imediata! É um processo sensível e humano, assim como a psicoterapia, mas focado na ação e na promoção de mudanças (desse ponto de vista, não tão semelhante ao trabalho exercido pelos psicólogos).

Após ser tomada por essa paixão contagiante, peguei-me questionando a psicoterapia. E tomei um baita susto comigo mesma: “o que aconteceu para que eu - logo eu - esteja questionando a minha adorada psicoterapia??” À medida que as emoções (tanto de paixão quanto de susto) foram se acalmando, procurei refletir sobre elas. O que o Coaching tem que poderia substituir a terapia? Por que estou sentindo isso? Por que tem mais gente dizendo isso?

Então, depois de muita reflexão, filtrei duas características do Coaching que considero que faltem aos psicólogos em geral. Talvez, sejam essas características que estejam fazendo com que a metodologia Coaching ganhe tanto espaço e tanto respeito: a objetividade do método e a humildade do coach (coach é o profissional que faz coaching com um cliente).

Da maneira como eu aprendi Coaching, com José Roberto Marques no IBC, cliente e profissional estão ambos em aprendizagem durante o processo. O coach é humilde, ele se dispõe a ouvir seu cliente em conexão com ele, e então faz perguntas poderosas cujas respostas, todas elas pertencentes ao próprio cliente, os guiarão. O coach não sabe de nada a mais do que seu cliente - e se achar que sabe deve parar e se livrar dos pré-julgamentos. Essa filosofia me encantou. Na psicoterapia, é o oposto: eu, psicólogo, percebo aquilo que está inconsciente para o meu paciente, e então o ajudo a enxergar isso também. Eu o percebo e eu identifico suas verdades. Eu o ajudo. O caminho é de mão única.

Também da maneira como eu aprendi e venho realizando, cada processo de Coaching dura 10 sessões. Elas são intensas e focadas, mas tem prazo para terminar. Assim, profissional e cliente estabelecem metas e objetivos juntos e o atingimento desses é foco do trabalho. A agilidade, a necessidade de ação (para chegar aos objetivos) e a garantia de resultados rápidos me parece uma tendência moderna. Outra razão pela qual a procura po Coaching vem crescendo tanto.

Isso posto, volto à pergunta inicial deste texto: Coaching é o futuro da Psicoterapia?

Não. O Coaching não pode SUBSTITUIR a psicoterapia. São procedimentos diferentes e há espaço e necessidade para ambos no mundo! Faço minhas as palavras de colegas, (psicólogos, coaches, clientes de um ou de ambos os serviços, psicólogos e coaches, etc…) que gentilmente deram suas opiniões sobre o tema: pode haver cruzamento, complementaridade e até soma entre eles, mas um não é o futuro do outro. A psicoterapia vai por caminhos mais tortuosos, e esse é seu objetivo. Coaching é para a ação; psicoterapia, para a introspecção!

Além disso, há casos específicos, principalmente aqueles que envolvem clientes afetiva ou psiquiatricamente comprometidos, que precisam de um trabalho que pode ser realizado exclusivamente por um profissional da saúde. Aí, então, é só psicoterapia!

Por fim, faço questão de registrar que, a despeito da minha paixão e do meu respeito pelo Coaching, recomendo que esse trabalho (principalmente em se tratando de Life Coaching) seja realizado por um profissional bem formado. Escolha com cuidado a pessoa com quem você vai partilhar as suas questões e com quem você caminhará em direção aos seus objetivos. Há ótimos coaches que não são psicólogos, mas estes têm uma sólida formação humana dentro do Coaching. Portanto, fica a dica: escolha com cuidado o profissional, pesquise suas formações e aptidões.


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